domingo, 26 de dezembro de 2021

Vida

O que percebo é que há vida pulsando 
incessantemente dentro 
e essa vida tem vida própria. 
Ela não para e não inicia 
ao passar por lugares e pessoas. 
Ela está ali, 
disponível, 
exposta. 
Passando. 
E esse corpo que faz parte dela 
experiencia sensações, trocas, outras vidas. 
Percebo que tenho vontade de mostrar 
meu mundo inteiramente para algumas pessoas. 
Percebo que posso mostrar a qualquer pessoa. 
Não há verdadeiramente algo a temer 
nessa história que meu mundo conta. 
É uma história como outra qualquer. 
E me vejo querendo compartilhar 
esse mundo com alguém. 
E me dou conta então que isso 
poderia acontecer com qualquer ser, 
qualquer objeto, qualquer conhecimento. 
Esse querer mergulhar. 
E então porque um ser específico me fisga? 
Eu não sei. 
Porque quero ainda voltar, 
sabendo que posso ter 
e fazer tudo isso em qualquer lugar. 
Então por que você? 
Eu não sei.. 
Eu sinceramente não sei. 
Não sei por que querer voltar a visitar o seu mundo. 
E sinceramente não sei se importa muito 
saber exatamente o porquê. 
Ou importa? 
Acho que a questão é o que quero fazer com isso que me chega. 
Saber o que não quero. 
Percebo então que posso querer me demorar em algumas pessoas ou não.
E saber se me querem também em seus mundos
por perto.

Jessika de Sousa Macedo

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

reconhecimento

vivi um sonho - poesia
contigo.
tudo que de melhor existia aqui
dentro
vi saindo.
foi expresso
fora
em palavra
em ação 
em não ação.
externado.
vivido.
pôde experienciar
tudo que tinha
naquele momento.
hoje percebo
que tinha mais.
não me deixei atravessar
completamente.
não sei o que seria
se acontecesse.
se nós permitíssemos 
nos atravessar mais um pouco,
atravessar o medo de fazer diferente
daquilo que aprendemos o que é viver.
não sei se o sonho que tínhamos 
de envelhecer lado a lado
passaria a ser real.
mas e o que é mesmo real
para a mente?
em certos momentos acreditei
nesse momento de termos
atravessado até a velhice.
sim.
eu vivi uma vida - poesia.
amei além do que imaginei
ser capaz.
amei ‘até doer’
amei até sumir
amei no transbordar 
amei no silêncio 
amei no caos
amei na paz
e continuo amando.
como não amaria?
pude, ao seu lado, estar mais próxima de mim.
pude estar próxima de ti.
decidindo olhar de frente muitos medos para isso.
como não amaria?
e eu só agradeço por essa
vida - poesia.

Jessika de Sousa Macedo

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Assim como as palavras rimadas que escrevo
não são minhas.
As palavras que digo também não.
Não quer dizer que não me responsabilizo por elas.
Palavras faladas
Palavras escritas.
Fazem parte do que vivo
das experiências que passo 
e
elas estão ali.
Compondo também essa canção -
vida.
Dando cor.
Dando brilho.
Dando graça.

Não são minhas.

As uso.
As pronuncio.
As escrevo.
As vivo.
Elas passam por mim
como um vento vendaval -
brisa.

Passam.

Jessika de Sousa Macedo