quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

algoritmos - onde está o foco?

a tempos não vejo mais sentido na vida.
e ainda continuo aqui.
fazendo todos os dias em que acordo
aquilo que a vida me pede.
tarefas, obrigações, planejamento mínimo, ser útil.
a tempos não sei mais me divertir.
pousou em mim uma seriedade
que deixam meus movimentos pesados.
nem a leveza do meu corpo físico
miúdo tem influência em meus passos.
e assim tem sido todos os dias ao acordar.
tentei me divertir, me distrair
e parece que tem algo encrustado que me aperta junto a gravidade.
já não basta ela me pressionando?
ainda vejo a beleza das coisas externas, dos movimentos internos, dos aprendizados diários.
ainda me surpreendo com um pássaro, ainda quero sair correndo e me jogar ‘nos braços’ de uma árvore, ainda me apraz a companhia silenciosa dos animais, ainda me empolgo em uma conversa-em uma descoberta, ainda sinto tesão, ainda gozo.
e ainda assim não vejo sentido. não sei mais agradecer pela vida. não sei mais agradecer por ter acordado.
só não estou mais conseguindo enxergar mais o sentido de eu estar aqui.
e ainda assim continuo aqui.
nesses últimos anos vi a força para além desse corpo, dessa mente.
vi a força do instinto de sobrevivência e do desejo de permanecer.
e não é que queira eu mesma acabar com tudo. enquanto acordar estarei fazendo o que me é exigido. mas não reclamaria se acabasse essa pressão-foco extra.
me desencontrei da graça, do riso frouxo, do relaxamento, da suavidade, da doçura.
será que a reencontro na próxima respiração?

p.s.: não é demais visitar: um médico (ver as vitaminas), um terapeuta/psicólogo/psicanalista, alguma amizade, o lugar onde sua fé/intuição te levar, o conhecimento

Jessika de Sousa Macedo