domingo, 25 de junho de 2023

Fantasmas

O que fazer quando os detritos
voltam?
E chegam espetando, machucando,
gritando a sua presença
nada
agradável.
A gente tá lá vivendo e de repente
boo.
A falta de manejo em lidar
com as relações de forma inteira
bate à porta, te esfrega na cara e
te faz sentir perdida.
Difícil pós tantos anos vivendo
pela metade e agora querendo
mostrar a outra parte e não se estabanar.
Fácil e dolorido recorrer ao que já é vivido,
conhecido por esse corpo físico/emocional.
Eu só queria um respiro,
uma palavra
ou
alguém que pegasse um pouco
na minha mão.
Um abraço.
Uma folga.
Pra viver assim, inteira e
me sentir amada.
Me sentir segura.
E mais uma vez os detritos vêm.
Me mostrando o caminho já percorrido
na casca.
Dentro da falsa segurança.
Me fazendo duvidar mais uma vez que posso apenas ser.

Jessika de Sousa Macedo

—-
nesses últimos dias a pergunta que mais me tenho feito é o que quero fazer estando aqui? parece simples e é tão imenso que minha mente não consegue acompanhar respostas. e quando olho para fora vejo pessoas, ações que dentro faz vibrar. não sei o que quero fazer estando aqui. mas há alguns lugares e ações onde quero estar. acho que o que me afasta dessa pergunta seja por sempre me colocar fora daqui. sempre admirando pessoas, sempre incentivando pessoas, sempre dando suporte a pessoas. nunca parei para me olhar. olhar como atuo, o que faço, o que já fiz. sempre estive fora. e o engraçado que é muito confortável olhar para mim dentro de emoções, pensamentos, imaterial. mas não me ver corporificada. como uma agente de fato. mesmo sabendo que minhas ações aqui têm algum impacto, mesmo procurando colocá-las dentro do que acredito e penso e sinto, ainda assim não era capaz de olhá-las de fato. parece até ilógico isso. e isso, de certa forma, é como também não olhar de fato para as pessoas que recebem essas minhas ações. elas são vistas, são pensadas antes e no momento, mas não no que fica, no depois. como se eu desaparecesse feito fumaça. me esquecendo que mesmo fumaça deixa cheiro, impregna. mais uma vez me descorporificando, me tirando daqui. sem perceber que as pessoas também me veem. sem perceber aquilo que influencio. e o mais engraçado disso tudo é que eu anseio por estar aqui. sem perceber que já estou. 
como se tivesse vivido o que de fato queria na imaginação por achar que não podia de fato viver que esqueci de sair de lá. que esqueci que não estou lá. que a vida não acontece lá. sinto saudades de viver uma vida-poesia. de tirar meu coração pra dançar na vida. de tirar meu coração pra dançar nas palavras. de tirar meu coração pra dançar nas ações. sinto falta da vida. mesmo estando nela.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

a message to myself

Querida Jessika, escrevo na intenção que tenha um norteador para as possíveis crises. Para que se lembre de seu caminho, de suas descobertas. Para que dê continuidade e se voltar, que seja por escolha e não por esquecimento. No mais, que tenhamos sempre contato, intimidade. Ficaria feliz se me escrevesse no futuro contando as mudanças e não mudanças. 
Com carinho,
 
Jessika


Inicio falando sobre os inúmeros pensamentos desordenados que querem participar dessa mensagem. Na intenção que se acalmem, comentarei sobre como surgiu a vontade de te escrever. A alguns dias a vontade ficou mais clara. Queria fazer algo com tanto pensamento, ideia, vivência e não sabia o quê. Foi aí que pensei. Por que não uma carta? Algo que me é tão familiar.
No início desse ano de 2020, precisamos ficar isolados por causa de um vírus. Ficar em casa não foi uma questão. Até gosto de ficar em casa em certos períodos. Porém esse mergulho foi profundo. Foi um período de assentamento, de “organização” do que se passou até aqui. Talvez daí venha, também, a ideia de escrever.
O que mais retornou nesse período de isolamento foi a simplicidade, que acabou sendo uma grande questão. Contraditório? Talvez.
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Parece que é “mania” começar complexando. E me pergunto qual o motivo das pessoas complexarem as coisas simples? Vejo o ser humano como um ser previsível e mais simples, em essência, que parece. E foi criada essa mania de complexar, dar voltas, na tentativa de falar o que é simples. O simples não dá volta, é direto, cru, puro, sem cascas. Os animais precisam de abrigo, alimento, cuidado, espaço, socialização, expressão. O animal humano e não humano. O não humano é simples, direto, é. O humano criou a mania de complexar. Não sei como iniciou essa mania e não sei se há a necessidade, agora, em saber. Talvez foi visto como necessidade no momento de sua criação. Hoje, me pergunto se é necessária. Lendo algumas escritas fico me perguntando sobre toda essa fantasia criada. Vamos pegar o complexo de édipo, a histeria. É complexo mesmo. Só entender o raciocínio te requer energia para acompanhar a dança do raciocínio. Veja a que ponto chegamos. Precisar de algo, alguém com disposição para escutar além da mania (perceba que aqui faço a observação da necessidade que criamos e não da criação em si). Acho que seria menos complexo ir direto no simples. Talvez seja complexo por termos a mania como referência. Fica difícil. E se tirarmos a mania da cena? Ficaria mais claro? Mais nítido? Daria para ver o simples? Como as coisas são, estão? Talvez.
Foi a partir dessas complexações que decidi te escrever. Te lembrar do simples. Do direto. Do caminho sem rodeios. Talvez te leve por uma história. Não estória. História. Para talvez tentar até olhar de forma mais objetiva aquilo que poderia ser mudado. Talvez descobrir novas formas. Não sei bem como será esse caminho. Espero que direto. Sabe, a mania ainda está presente e possa ser, que em algum momento, ela entre em ação. Tentarei manter o foco. Melhor. Tentarei relaxar.
Lembro que essa vontade de te escrever uma mensagem surgiu enquanto limpava o quintal que os gatos ficavam. Nesse momento, lembrei que olhava para algumas situações que poderiam ser simples e que tornávamos quase inalcançáveis. Lembro de nesse dia não achar de um todo ruim essa mania. Como dito anteriormente, talvez tenha sido a forma que encontramos de sobrevivência. Essa complexação nos trouxe comodidades, certo?! Diminuiu a distância lá do conto da Torre de Babel e a distância física também. Inúmeras construções, criações interessantes. Essa mania de complexar nos moveu e continua nos movendo. Hoje, talvez esse “produto” possa ser traduzido como angústia. Não questiono nada disso. Como disse, possa ter sido para sobrevivência e um pouco mais que isso. Podemos pegar como exemplo, o fogo, a domesticação de cachorros e por aí vai. Hoje, o que me preocupa é não só a continuação de nossa sobrevivência, como de todos os outros seres que compartilham o mesmo lugar (físico) que a gente. Hoje, me preocupa o COMO continuamos fazendo o que estamos habituados a fazer.
Olhando um pouco para a história, vejo que a medida que íamos descobrindo, desbravando, não sei se estávamos pensando no todo, no completo. Talvez estivéssemos iniciando a mania de complexar tudo. O modo de viver, de pensar, de criar e fomos criando um muro envolta do simples. Diria até que muros formando labirinto. Fomos cada vez mais nos distanciando dele até o momento em que não o víamos mais. Perdemos o simples de vista. Ele deixou de ser o nosso ponto central a medida que avançávamos.
De verdade?! Acho difícil, hoje, depois de tanta mania, voltar o foco ao simples. Teria que derrubar vários muros até poder vê-lo novamente. Ainda assim, é simples. Precisa saber que ele existe, que ele é sua base e precisa de ação para destruir esses muros. Destruir os muros não significa apagar a história. É destruir a mania, aquilo tudo que aprendeu até aqui. Seria poder agora ter a sua base como ponto focal novamente e a partir dela, olhar para tudo que aprendeu.
Estou percebendo que comecei a complexar a explicação. Vou partir para exemplos, trazer cores para essas linhas.
Podemos pegar como exemplo, as construções daquilo que hoje conhecemos como comunidades, cidades etc.. Sinto que poderia ir um pouco mais atrás na história. Mas vamos começar daqui mesmo. Aprendemos a construir abrigos e fomos aperfeiçoando para aquilo que hoje conhecemos por casa. Vimos que seria mais seguro e confortável ter um local para fazer cocô e xixi dentro desse abrigo. Depois vimos que poderíamos deixar menos sujo e até depois criamos um termo para isso. Higiênico. Higiênico para nós, para o nosso abrigo menor, nossa casa.
Essa escolha inconsciente de iniciar falando da parte sanitária, talvez tenha surgido por estar (naquele momento) limpando o quintal, quando percebi que a água da limpeza ia para a rua que não tinha escoamento. Todas as vezes tinha que também limpar a rua, jogando a água da limpeza no cano, para que a água fosse para o esgoto. Nesses momentos vieram os questionamentos: Limpo minha casa, deixo a rua limpa e quem limpa os esgotos? Para onde é escoada toda a sujeira que faço dentro da casa menor? Quem limpa a casa maior – a Terra? Adianta alguma coisa jogar água para limpar o quintal, mesmo que com produtos naturais, e despejar essa água suja em um copo que já está também contaminado – esgoto? De que forma posso limpar sem continuar enchendo o copo? Usar produtos naturais ajuda a não contaminar, mas continua enchendo o copo. Complexamos tanto a forma que vivemos que às vezes fica – achamos – difícil enxergar o que seria simples.
Criamos algumas casas, alguns locais da cidade com saneamento básico. Uma ideia genial de continuar cagando sem se preocupar para onde a merda vai. E nem todos podem usar essa genialidade criada. Sinceramente, não me preocupa que nem todas as pessoas tenha acesso a esse sistema de descarga. O que me preocupa é que quem não tem, ser o alvo dessa descarga que damos no conforto do nosso lar. E não somente essas pessoas, assim como os outros animais. Seria quase como colocar a sujeira embaixo do tapete, ou ter quartinho da bagunça, porão. Pode chegar um momento em que o porão encha. Quereria que não começássemos a olhar para essa engenharia quando o vulcão acordar e tiver voando merda para todo lado.
A gente não pensa muito nessas coisas. Crescemos tendo como base a mania e não o simples. Não sabemos que existe uma base, uma realidade antes dessa mania. Crescemos aprendendo a dar descarga e pronto. Acho que já passou da hora de crescermos sabendo daquilo que foi criado e daquilo que é o real, o natural. Dá mais acesso para cuidar do todo. Acho que agora seria o momento de repensar a forma que vivemos. Destruir mesmo o que aprendemos. Ter acesso ao cru e começar a viver a partir desse cru. Olhar para a história vivida, as tecnologias construídas e refazê-las tendo esse cru como base. Eu sei que a ideia dessa mensagem é te lembrar da possibilidade de viver o simples, que é o que tudo é. Lembrar também que não vim te trazer soluções. Vim tentar abrir um pouco mais o campo de visão para você poder olhar novamente para o foco principal. A simplicidade das coisas.
Podemos voltar um pouco mais na história. Talvez misture a temporalidade e ainda assim tentarei ser direta nos fatos. Existem estórias que às vezes se misturam na história e, à medida que vão ficando distante, vamos misturando cada vez mais. Trago mais uma vez a domesticação de cachorros. Para que pudéssemos ter algum tipo de proteção, aprendemos a domesticar um animal, que hoje dizemos não selvagem, de diferente espécie na história e decidimos domesticar também os da nossa espécie. Não é meu papel entender e não quero entender, agora, o que motivou esse movimento. Domesticar, conquistar lugares, separar, categorizar, escravizar. Vejo hoje, como desnecessário. Conquistar, separar, categorizar. Se partirmos da ideia que todos habitamos o mesmo espaço maior. A necessidade de proteção é real, de sobrevivência é real. Hoje existem tantas engenharias que daríamos conta de viver no mato (comparando com as ferramentas e conhecimentos que tínhamos antigamente) – não que antes já não fosse possível. Era e ainda é possível. Não estou propondo isso. Estou pedindo para se perguntar o que, hoje, é realmente considerado perigo? Olhando de forma simples. Se perguntar se – essas ideias de que – o outro continente, o outro país, o vizinho é realmente perigoso? Será que não somos nós que estamos dando continuidade a essas ideias sem verificar a fonte? Se é fake news? Onde está realmente o perigo que tanto nos defendemos? E o que esse perigo causaria?
Me questionei e te convido a se perguntar o porquê de ainda dividirmos os lugares? Do porquê precisamos de autorização para caminharmos na nossa casa – a Terra. Até onde sei todos somos considerados terráqueos. Até onde sei todos somos seres humanos. Até onde sei todos somos animais.
De forma simples, vejo nuances. Seja no idioma, seja nas questões físicas. Assim como as nuances das outras espécies. Poderia me perguntar de onde surgiu essa ideia de dividir a Terra por idiomas, por países, por nuances. O que proponho aqui é se perguntar se não seria mais simples deixa-la em sua totalidade. Entendermos as nuances dela também – lugares que ficam mais frio, mais quente, estações etc. A tecnologia ajuda a saber disso. Podemos usá-la para evitar o abuso da terra, para cuidar dela, para nós não sermos o "perigo" para ela, para também suprir nossas necessidades sem abusar dela e privar os outros moradores. Lembrando sempre que a Terra é área comum e a posse dela é ideia criada, não é real. 
Quem me deu autorização para comprar pedaço de terra? E quem deu a autorização da autorização? A terra é de todos. Lembro que foi um pouco difícil entender isso. E aqui, peço que se atenha na responsabilidade que você tem, como moradora (não como possuidora) em cuidar de todos os lugares em que estiver. De norte a sul, de leste a oeste. No fundo, o que precisamos é de abrigo. Nos protegermos das alterações climáticas, de predadores reais etc. como qualquer outro animal. Partindo da realidade de todos serem moradores da Terra, como que posso comprar um pedaço de terra e privar um outro morador da Terra de ter abrigo por não poder comprar também (?!)? Por que alguém precisa comprar terra se todos somos moradores dela? E como que posso desapropriar uma pessoa do seu próprio lar? Veja, não estou dizendo que não pode ter um lar (casa), estou te lembrando a olhar o motivo que ele é feito e da responsabilidade que é estar nessa casa. 
Nossos abrigos são confortáveis, nos protegem de alguns fatores externos só que não são orgânicos como o mais simples abrigo de qualquer animal não humano. Não são eficazes e trazem desordem e sujeira para a casa maior. Só lembrando mais uma vez, se essa sujeira continuar crescendo chegará na casa menor, engolirá os abrigos modernos. Tenho consciência que vários moradores não conseguiram ver o simples. Não tiveram, não sei se oportunidade seria a palavra, como ampliar a visão de tão alto que é o muro. E nesse sentido, vejo a importância de destruir esse muro. Poderíamos voltar na história mais uma vez. E inspirada por esses muros altos, fui levada a lembrar dos impérios, da monarquia, das autoridades eclesiásticas. Da complexidade dessas instituições que distancia o simples. Fiquei tentando imaginar o tamanho desses muros.
Fiquei pensando sobre a fé, a crença que fomos criando ao longo das eras que nos distanciaram do nosso ponto focal. A simplicidade. Aqui não questiono se foram necessárias. Questiono se elas não continuam nos distanciando do real. Como alguns seres foram considerados mensageiros daquilo que era divino? Achei que todos fossemos divinos, se partirmos da própria ideia da igreja. Somos provenientes de deus. Por que continuamos separando o que é sagrado e o quenão é? Quem tem ou teve o poder de definir quem e o que era divino? E quem teve o poder do poder? Mais uma vez vejo uma criação excludente. Que nos distancia do simples, constrói muros. Muros até entre as nuances das diversas crenças. Te convido a se perguntar se a sua crença te distancia ou aproxima daquilo que é simples? A tua fé te castra, te coloca distante daquilo que você é? Ela te faz acreditar que ela é a única dentro desse mundo?
Criamos inúmeras estórias, contadas como histórias, até aqui. Poderia até dizer que seria uma baita caminhada desconstruir tudo. Acho que seria mais simples ser o que se é. Simples. Respirar e tentar tirar a complexidade da frente. Narrar os fatos como são.
Temos aqui uma outra muralha, o mercado, a mídia. Aquela que dissemina o muro como algo real. E é também aquela que pode ser utilizada para destruir o muro, nos ajudar a ver o simples, assim como a espiritualidade.
Falando na espiritualidade, na mídia e no mercado. Sei que é um assunto delicado para você e que te toca. Só lembra de olhar com objetividade para aquilo que acredita. Lembra que as instituições criadas aqui são falíveis, que aqueles que estão à frente delas também o são. Lembra de observar se está defendendo e agindo a partir dessas instituições e pessoas. Lembra que o ponto focal é a simplicidade. Há tempos usamos contos, fantasias para falar do simples. Nos perdemos nas histórias, tomamos como verdade estórias e escondemos o principal. O cru, o objetivo. Lembra de verificar se o que está chegando é nu, direto. Se o que chega tem a fantasia como ponto focal ou se quando chega colocamos a fantasia como ponto focal. Existem ferramentas, sabedorias milenares, saberes tradicionais que parecem complexas e que são simples. Sua base é simples. Como temos usado essas ferramentas, esses conhecimentos? Eles te auxiliam na vida ou ditam a sua vida?
Lembra de procurar conhecer. De ir atrás do conhecimento. Lembra de parar, de respirar e procurar o obvio por trás. E se não encontrar, se afasta um pouco, respira, espera e volta a olhar com objetividade. Hoje, talvez seja difícil saber com exatidão o que é história e estória. Muito foi construído, muito foi modificado, muito foi inventado. Acho que o início seria tirar os excessos. E podemos tirar os excessos indo atrás daquilo que é necessário. Apenas o necessário no momento. O conhecimento traz clareza, tira a sombra feita pelo muro. O que é mesmo necessário? Por que você faz o que você faz?
Uma das ações seria conhecer, entender o sistema ao qual está vivendo. As regulamentações, os acordos, as leis que norteiam essa estrutura. Conhecer para poder olhar de forma objetiva, participar (se for de desejo), se posicionar, não ser usada por ele. Deixá-lo mais simples, funcional, orgânico, dinâmico em seu dia-a-dia a partir do entendimento de como ele funciona. Poder questioná-lo, ajudar a reorganizá-lo, se preciso. Lembrando do ponto focal, das necessidades básicas dos seres moradores dessa Terra. Fazendo seu dever em respeitar essas necessidades – abrigo, alimento, cuidado, espaço, socialização, expressão – suas e do outro ser. Você está sendo agente ativo ou passivo em relação à sua própria existência e ao que faz dentro desse sistema que vive?
Isso me leva a lembrar da estrutura de comunicação que vivemos hoje. As redes sociais. A vida baseada naquilo que é compartilhado, naquilo que você consome a partir desses transportes informacionais. E, da também responsabilidade ao publicar algo. Vejo um crescente fazedor de necessidades irreais e que podem colocar aquilo que realmente importa em risco. Um exemplo prático e recente para ilustrar: um anúncio, em meio a pandemia, informando pequenos locais que estavam sem o foco do vírus e que estavam com o aeroporto aberto. O anúncio cria a necessidade de viajar, mexe com a necessidade real de abrigo das pessoas. Perigosa e irresponsável, eu diria, por colocar em risco quem fosse viajar e os moradores desse suposto abrigo seguro (sem foco do vírus). Aqui, vejo o mesmo princípio de pergunta: “para que estou publicando isso? “. Essa publicação cria necessidades, mascara a necessidade real? Coloca em risco ou protege? Ela nutre?
Bom, percebi que me alonguei. Para não perder a objetividade, me despeço aqui.
E lembra que essa carta é um registro do seu caminho por aqui e até aqui. Não se prenda a ela, mas se lembre dela. Não, melhor, lembra da simplicidade. 

Com amor,

Jessika

(passeando por escritas antigas neste feriado)

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O primeiro segundo beijo

Quem diria que o primeiro beijo
Seria algo complexo.
Iniciou na decisão e terminou na entrega.
A menina saiu de casa decidida a experimentar.
Saber como era isso de beijar.
Lá pelos 15 anos, numa festa de colégio
Em meio a música foi quando aconteceu.
A menina tomada pelos romances Hollywoodianos
Avista o seu príncipe encantado.
Montado à cavalo com sua cavalaria.
Para sua surpresa, o príncipe se aproxima que
Para surpresa maior, dizer que um dos cavaleiros quer beijá-la.
Direta e reta diz estar interessada no príncipe.
Que a pega pela cintura e a beija.
O beijo é parado pela bolada de papel que chega
Voando na cabeça da menina.
Que não sabe se fica puta ou se agradece o
Fim do beijo mais sem graça.
Nada de romantismo.
Agora indignada e sem querer aceitar que beijo seria aquilo
Volta a dançar e procurar aquele que quisesse o mesmo experimento.
Eis que surge um cavalheiro
E a corteja.
Ela, assombrada pelo acontecido anterior
Tem receio.
Mas lembrando da experiência e indignação,
Se joga nos braços do menino.
Se entrega à sorte.
E eis que ela se surpreende com o resultado.
Estonteante, sem saber como aquilo era possível,
Pensa como ainda não havia feito antes?
 
Reflexão:
Quando decide fazer algo, essa decisão te leva a ter experiências. Não necessariamente precisa classificar como bom ou ruim, mas podem vir experiências diferentes, que chegarão de formas diferentes e serão sentidas de formas diferentes. Esse 'como é sentido', normalmente, é o que faz a gente parar ou continuar caminhando. E aí? Parar ou continuar? Não quer dizer que serão boas ou ruins, se machucarão ou afagarão.

Jessika de Sousa Macedo

(passeando por escritas antigas neste feriado)

Hoje pela manhã despertei com um barulhinho na janela. Percebi que ainda não havia amanhecido, pois a luz do sol ainda não invadia as frestas da janela.
Fui em direção a ela e quando abri, me deparei com um beija-flor que balançou sua cabeça inquietamente em minha direção. Não entendi bem o que queria, até que ele entrou no quarto junto com a brisa da madrugada e foi em direção à porta. O segui. Ele me levou até a porta que dava acesso ao quintal. Quando abri a porta, a casa foi invadida por uma corrente de ar gélido que me fez arrepiar. Mas olhei para o pequeno que insistia que o seguisse. Saí de casa, então. 
Lá fora estava tudo tão quieto, parado. Exceto pelos gatos e cachorros que perambulavam a cidade. A cada passo que dava, ia percebendo a arquitetura das casas, as árvores, a paisagem de um modo geral, do lugar que passava todos os dias. O pequeno me levou para um tour pelos lugares que sempre passei, mas que nunca percebia.

Jessika de Sousa Macedo

(passando por escritas antigas neste feriado)