quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Trilhas

O trem da vida
Seguindo seu caminho distraído,
A rota habitual
Passando pelos trilhos.
Na estação seguinte para.
Mais pessoas entrando,
Mais pessoas saindo
E dentre tantas pessoas, uma delas parada, maravilhada e assustada
Sem muita certeza se embarcaria.
Tenho que seguir, a vida não para
Mas posso a esperar mesmo em movimento.
Chego novamente à estação e a encontro
Diferente. Ainda linda e maravilhada e mais assustada.
Acho que ainda não é dessa vez.
Parto novamente sem ela.
Quem sabe na próxima não esteja assustada?
Quem sabe na próxima embarque?
Ou quem sabe na próxima decida ir a outra plataforma?
Enquanto isso, o trem da vida vai passando pelos trilhos,
Seguindo seu caminho,
Agora atento a vida,
Atento a moça,
Aguardando-a decidir.

Jessika de Sousa Macedo

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

23 de maio de 2019

Ando pensando sobre o vestir camisas de partido, chapas, pessoas. Sinto que hoje as pessoas se esquecem do que realmente estão defendendo e pessoalizam as questões que deveriam ser coletivas. Esquecem do todo, da causa de forma geral, seccionando as questões, indo para os frutos e não para a raiz.
Sinto que os caminhos precisam ser diferentes. Essa política e militância de separação podem até ter avançado, mas e as consequências e sequelas que vêm deixando direta e indiretamente em quem participa e em quem se omite? A gente percebe dentro de próprias frentes, como por exemplo, o feminismo. Cada um entra em seu próprio quadrado e esquecem de olhar para o todo, que todos estão defendendo a mesma causa maior e segrega ao invés de unir. As diferenças não deveriam ser motivo para afastar e sim para entender, compreender, acolher. Que tipo de política temos feito? Onde um grupo pequeno escolhe pelo todo? Como que eu, no meu lugar, com minhas vivências tenho poder para ditar o que o outro deve ou não fazer?
Sinto sim que é necessária a separação desses grupos para a construção de suas fragilidades e querências. Até porque eu posso falar como mulher, de classe média, não heterossexual, mas não tenho como falar no lugar da mulher da periferia. Posso ter conhecimento das causas dela, defender, falar sobre, mas não posso falar no lugar dela. E essa separação é a oportunidade para construção mais completa, menos desigual de uma sociedade. Mas atualmente o que acontece, até mesmo nos espaços de defesa dessas causas, a separação e busca da pauta “mais importante”, apenas da pauta pessoalizada.
Não que eu não reconheça a luta construída até aqui. Mas também sinto que esse formato de hoje é arcaico. Separatista. Frágil e adoece muita gente. Ele não é eficaz, eficiente. Ele é lento e sofrido. Deixa sequelas. E as grandes corporações, políticos etc., já sabem lidar com a nossa forma de fazer política. Talvez por isso a direita, o patriarcado tem crescido e conquistado e está cada vez mais forte. Porque modificaram a forma de fazer política deles. 
Foi necessário em tempos atrás! Foi preciso o embate, o enfrentamento mais duro. Até porque quem esperaria de oprimidos tamanha força, valentia, resistência? Hoje os maiores modelos de opressão são outros. As opressões são as mesmas, mas feitas de forma diferente. Os opressores inovaram e quem recebe a opressão não. Como acabamos com a nova forma de fazer opressão agindo de forma igual?
Será que não é o momento de repensarmos também a nossa forma de fazer política? Repensarmos a nossa forma de conversar com os jovens? Dar a oportunidade deles de fato assumirem, construírem, estarem a frente, trazendo as novas ideias e nós, dando o apoio que é necessário nesse momento de construção?
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Talvez a forma de política esteja falida por comodidade nossa. Em acreditar cegamente em uma construção de ideias e forma de debater e não parar para reolhar o que já havíamos avançado. O que precisaríamos modificar. Essa ideia de se apegar a um modelo é (talvez) falido. Não nos culpemos também. Talvez fosse o medo de inovar e regredir. Voltar a sofrer retaliação. Mas talvez esse seja o caminho - o da mudança. Acredito muito nessa juventude que vem fresca, sem os medos que tínhamos. Nossa luta foi válida! Temos todo o crédito por tudo que foi construído até o momento, mas não pensemos que essa juventude não tem a capacidade de fazer mais. Não tememos em inovar. Deixemos que assumam, como assumimos. Não seguindo os mesmos passos, até porque os tempos são outros. Mas deixemos que tomem os rumos do hoje. Hoje, acreditamos que somos sábios, mas sabedoria também é deixar o outro assumir. Passar o bastão. Orientar e não dizer o caminho que devem seguir. Afinal construímos para nós e para eles e eles têm o mesmo direito para tal. Sabedoria talvez seja dar coragem, incentivo para que façam e façam da maneira deles. Como disse. O passado não é desimportante e ele deve ser olhado e reverenciado. O passado nos mostra também como não agir, talvez. Ainda tenho fé nessa humanidade e nessa palavra que carregamos aqui nesse planeta. Humanos. Talvez estejamos buscando nos sentir pertencentes a essa grande categoria que é tão peculiar, particular e diversa. Seres humanos. Ser humano. Que sejamos então! E que a nossa grande luta seja sempre o bem de todas as espécies!

Jessika de Sousa Macedo

domingo, 30 de junho de 2019

Recompondo

Quando tudo estiver uma bagunça
Lembra de se amar
Lembra de parar e se perceber
Mergulha para dentro
Não nada para a beira
Apenas mergulha
Se perceba
E se acha em meio à bagunça
Se ama
Se denga
Se dê amor
E então perceberá
Que dentro ainda está na
Mais tranquila paz
Que lá ainda é a sua morada
Então mergulha e
Deixa a correnteza te levar
De volta para o centro.
Soham

Jessika de Sousa Macêdo

sábado, 1 de junho de 2019

sobre amar

li uma vez que “amar é decidir”
amar é ação 
é fazer
é caminhar
lado a lado
é crescer
lado a lado
é aprender e reaprender
lado a lado
é ensinar
lado a lado
é o despir
decidir estar lado ao lado
e decidir também partir
sim, 
amar é decidir
decido agir
fazer
crescer
aprender e reaprender
ensinar
estar, despida, ao seu lado
ou não 
despida te amar
despir e amar
do humano à alma

Jessika de Sousa Macêdo

terça-feira, 14 de maio de 2019

Espelho

Música: Inalcançável você (Paulinho Moska & Leo Cavalcanti)


Você provoca, faz borbulhas em meu ser
Sua ação e não ação têm o mesmo efeito
Estando com você percebo minhas fragilidades
E como ninguém, até o momento, consegue "me
deixar" vulnerável
Me mostro o mais frágil e sensível dos seres que
se esconde ou se escondia por detrás de uma  casca grossa
Em um espaço curto de tempo vou da
Agressividade à passividade
Da raiva ao amor
Da ansiedade à paz
Completo caos
Não sei lidar com isso
Fujo
Fugia
E agora resolvi te dizer
Que vejo um mundo olhando pra você
Vejo minhas fragilidades que gostaria de te dizer
E conhecer as suas
Conhecer sua humanidade
Já as aceito e dou risada
Não de deboche
Mas risada do tanto que a gente é "bobo"
em esconder
aquilo que somos
Esconder a nossa
"normalidade"
Posso te ver mais de perto?

Jessika de Sousa Macêdo

domingo, 5 de maio de 2019

Excessos?

Quando se sabe
Excessiva?
Quando se sabe?
Às vezes dou de mais para alguns
De menos para outros
O suficiente.
Apenas o suficiente é o que queria.
Para não exceder e
Nem faltar.
Vampirizar uma relação
É algo que dói.
E você descobrir que você o faz
Dói mais ainda.
Qual a dose correta do veneno?
Qual a dose correta do sangue?
Para que o outro continue vivendo,
Sobrevivendo,
Existindo.
Para que você não o use e nem
Permita ser usado.
Elogios, cobranças, amores, excessos, faltas
Quero que tudo isso caia
Que tudo isso saia
Se renove.
Volte apenas o que é essencial.
Essência.
Apenas o que eu preciso
Apenas o que o outro precise.
O dou.
Dou.
Doação.
Aprender.
Aprendendo a viver nesse mundo de cão.
Que pra uns é muito e
Pra outros é nada.

"Se você elogia demais alguns, você é grudenta"
*e agora eu tô sendo excessiva e eu risco isso que acebei de falar porque
é um desabafo. Alguns talvez se interessariam. Outros achariam excessivo.*

E aí? Onde doso isso?
Cadê o dosador?
Dosar a dor.
Dosar amor.
Meu Deus!
Onde é que eu tô?
Eu não faço ideia.
Eu não faço ideia

Jessika de Sousa Macedo

sábado, 23 de março de 2019

Sentir poesia

Da poesia me alimento
Na poesia me sinto
Na poesia fico viva
Me sinto viva
Nas letras vejo os sonhos
criando forma
Nos versos sinto
todos os sentidos
Às vezes até ouço melodia
Ou um assobio leve
feito brisa acariciando o rosto
A poesia é vida
A poesia traz vida
A vejo em tudo
Em todos a vejo
Sou poesia
Transpiro quando a sinto
Transbordo quando a escrevo
Vivo quando a sou
Poesia viva.

Jessika de Sousa Macedo.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Ah, o amor!

Acho que agora entendi que eu não preciso do outro para sentir.
A alegria, o encantamento, o calorzinho delícia no peito moram aqui dentro.
E que o meu amor é meu.
Que esse amor que digo que sinto por ti sempre esteve em mim.
Talvez o “eu te amo” nasça do encontro do amor que tenho com o amor que você tem.
Talvez o “eu te amo” não seja exatamente para você e nem para mim.
Talvez ele seja para essa terceira pessoa que nasce a partir da gente.
E o “eu te amo” permanece por meio do nosso cuidado para com esse novo ser.
Não sei para você, mas sinto mais leveza ao internalizar isso.
Sinto que entendi porque esse amor ora declamado de forma pessoalizada traz sofrimento.
Focamos no outro e esquecemos do sentimento.
Tornamo-nos dependente do outro para poder sentir algo que já temos.
A partir do momento que ofereço o meu amor e recebo o seu não quer dizer que dependo de ti para sentir o amor.
Também não quer dizer que não te ame, mas quer dizer que amo e que por vontade e disposição escolhi me unir a você.
Quer dizer que vejo você.
Isso é complexo, mas faz muito sentido.
Sinto que também estou sentindo o porquê falam tanto para focarmos no amor.
Ele apenas é.
Acho que agora estou começando a sentir o que é esse tal de “amor livre” que sempre me chamou atenção.
E quando falo do amor falo de todos os tipos de amores.
Sinto que esse assunto dariam horas de conversa *pensativa*..

Se ame
Se perceba
Se sinta
Se entenda
Se acolha
Se aplauda
Se ponha
Se veja no outro
Deixe o amor fluir
E então
Ame
Perceba
Sinta
Entenda
Acolha
Aplauda
Seja
Permita que o outro
Se veja em você

Jessika de Sousa Macedo

domingo, 3 de março de 2019

Alma

Música: Não me negue ternura (Zé Manoel feat Luedji Luna)

O brilho da minha alma é visto
Através do meu olhar
Meu coração fica feliz
Quando se encontra com o seu
Todo o meu corpo vibra
E minha boca emudece
Não consigo explicar em palavras
O que acontece
Mas consigo sentir toda essa vibração
Que é forte e
Que é verdadeira
Se você conseguisse saber o que se passa
Se eu conseguisse te explicar o que
Acontece
Mas sinto que sabe pelo meu olhar
Pelo seu olhar sinto que entende
O que quero dizer
E tenta se comunicar por ele
O corpo tenta expressar
E a voz mais uma vez emudece
Por não saber explicar em palavras
O que acontece.


Jessika de Sousa Macedo

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Anarriê

Menina, você me enlaçou
Fez um laço em meu coração
Enfeitou todo
Me encantou
Menina, enquanto me pegou pela cintura
Para dançarmos forró
Pegou junto meu coração
Que dançou ritmado com a música
Querendo sair pelo peito
Para encontrar o seu
O xêro no cangote, menina
Me estremeceu
Feito o som da zabumba
Quando ecoa no salão

Jessika de Sousa Macedo

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Ó lua, peço que venha e banhe esse povo de energia para amar.
Ó lua, nos banha com sua  luz.
Inteira, completa.
Nos deixa limpinho, tira toda nossa sombra
Nos deixa ver a luz
Nos deixa ver a verdade escondida
Nos ajuda a ter clareza
Ó lua, nos banha com sua luz
Inteira, completa.
Mãe celeste 
que ilumina
estamos te esperando
ascender.
A caminho estamos.
Nos banha com seu amor,

Nos ajude a despertar o amor

Jessika de Sousa Macedo

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Sentindo verde

Eu sou a própria floresta.
Fechando os olhos sinto
Cada movimento,
Cada energia,
Cada onda energética.
Meu corpo é movimentado
Por essa onda.
Como uma dança
Permito meu corpo ser guiado
Em cada movimento.
Cumprimentando o sol,
Sentindo a água do rio correr,
Sentindo a borboleta pousar,
Percebendo o beija-flor aproximar.
Eu sou a própria floresta
Sentindo minha energia se misturar.

Jessika de Sousa Macedo

(Re) Nascimento

Por quanto tempo estive
Adormecida?
Por quanto tempo estive
Envolta ao húmus em meio a
Floresta?
Por quanto tempo não quis ver o
Que acontecia ao meu
Redor?
Por quanto tempo estive
Encolhida?
Hoje desabrochou a flor que
Nasceu em mim.
E aos poucos ela vai produzindo
Néctar.
Aos poucos ela vai alimentando o
Beija-flor.
E aos poucos ela vai entendendo o
Seu lugar no mundo.
Eu sou a própria floresta.

Jessika de Sousa Macedo