quinta-feira, 30 de setembro de 2021

All

O encontro com você é um deleite.
Me lembrou daqueles filmes mexicanos
exagerados em sua superfície
e delicados se olhado mais de perto.
Belos às suas maneiras.
Talvez seja uma projeção?
Talvez sejam os resquícios da primeira impressão.
Mas não vim falar sobre isso.
Estava aqui pensando nos bons ventos
que me fizeram encontrar você.
E na minha ignorância que não me permitiu te ver
em alguns momentos.
Encontrar com você nessa vida
é um verdadeiro oásis.
É te sentir presente, atenta ao momento.
É se sentir sendo escutada e um convite para
também estar presente ao momento.
É te observar prestando atenção a cada detalhe do
que acontece ao redor e respondendo ao todo com 
todo cuidado.
É se surpreender com as suas respostas frente
a um afeto.
Na habilidade alquímica dos sentimentos,
extrai e oferece o melhor de você.
O cuidado. O toque e presença sutil nos lugares.
A atenção. O olhar atento aos detalhes.
O carinho.
Não percebo essas descrições estáticas.
Mas as percebo em suas ações sem pudor.
E a naturalidade demonstrada também
do outro lado real, humano.
Ambos trazem brilho.
Me fazem sentir real.
Sem utopias.
Não que não haja sonhos.
Me trazem a apreciação daquilo que se é no momento.
-
E é lindo te ver e viver o mesmo ambiente
em que você está.
Eu queria deixar registrado em algum lugar
a beleza que é o encontro com você.
Eu queria que as pessoas sentissem a beleza
dos seus olhos
que são como a imensidão transbordante
de amor.
Eu queria falar também sobre o seu sorriso sutil
tão dissonante de sua gargalhada espalhafatosa
que preenche o espaço com um
sonido gostoso.
Eu queria falar com beleza sobre o seu toque,
sobre a sua presença.
Eu só queria deixar isso registrado em algum lugar.
Soltar e deixar o vento levar aos quatro cantos
para que as pessoas soubessem quão belo é
o encontro com você.
E para que esse vento chegasse por aí também
como um retorno, um beijo suave em agradecimento
a tudo que fez de bem.

Jessika de Sousa Macedo

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

inominável

Música: ú (Dani Black)

isso me desassossega
mexe com as entranhas de meu ser
nu
exposto
se debatendo até o total silêncio
da voz
do corpo
que te olha
e vê a imensidão
o amor.
esse corpo parado
a te admirar.
admirar esse ser
que também é amor.
se aproxima a um cortejo
um pedido para uma dança.
mas não tem música tocando fora.
há apenas a vibração do
mistério do movimento.
do momento.
nos concede essa dança?

Jessika de Sousa Macedo

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Humanamente imperfeito

A perfeição está além da estética.
A perfeição talvez esteja na sincronicidade dos
acontecimentos.
A perfeição talvez seja um pequeno detalhe.
Uma delicadeza em traços finos
Que nem sempre são retos.
A perfeição tá muito além de aparências.
Tá muito além de corpos.
A perfeição tá na sutileza
De cada detalhe
De cada curva.
Tá no olhar.
Se encontra no zoom
No zoom de uma pupila dilatada
De uma pele arrepiada
De narinas abertas e
Ouvidos atentos.
A perfeição..
Que perfeição?
Perfeição é muita subjetividade
Talvez seja vaidade
E ela não é concreta.
A perfeição é de carne
É de gente
Tem dente e nariz.
A perfeição é aquilo que vejo
Não o que se é.
Ou seria o contrário?
A perfeição pode sumir
Quando o outro vê.
O que eu vi perfeito
Algum outro vê?
Por que buscamos tanto essa perfeição?
Se ela é tão particular 
Tão singular
E tá nas pequenezas.
Não que seja pequena
Talvez um olhar atento.
Um olhar..
Um olhar também é subjetivo 
Ele é pessoal
Não plural.
Mas eu posso mostrar a minha perfeição 
Para o outro.
Não que aquilo passe a ser perfeito
Para ele também.
Mas talvez ele se aproxime (veja) daquilo
Que é perfeito para mim.
E eu me aproxime (veja) daquilo
Que é perfeito para ele.
Perfeito.
Perfeito!
Chegamos num acordo.
Que não precisa necessariamente ser o
Fim.

Jessika de Sousa Macedo

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Perfeição. Áudio transcrito com o encontro de duas realidades passada pela confusão. Do encantamento ao perceber esse mundo, o seu funcionamento orgânico, da beleza desse funcionamento e das criações que aqui existem. De tudo. Que iniciou, ao menos de forma consciente, com o estudo da ciência, no colégio. E do congelamento ao perceber um padrão que achava precisar entrar para aqui existir. A perfeição, nessa escrita, é disso que se é. Disso que aqui existe. Dessa beleza vista a olhos nu e vista no sentir, no observar do macro ao micro, do micro ao macro. Dessa criatividade inalcançável por essa minha mente de tão grande, simples e complexa. A confusão ao trazer o olhar-experiência pessoal-subjetivo para o coletivo como um regramento. O colocando como o perfeito a ser seguido. Como se precisasse ser perfeito. Como se precisasse seguir algo. E o encontro disso que se é com aquilo que se obriga ser. Desse reconhecimento transformando a obrigação em convite desinteressado para se ver e ver.