quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Humanamente imperfeito

A perfeição está além da estética.
A perfeição talvez esteja na sincronicidade dos
acontecimentos.
A perfeição talvez seja um pequeno detalhe.
Uma delicadeza em traços finos
Que nem sempre são retos.
A perfeição tá muito além de aparências.
Tá muito além de corpos.
A perfeição tá na sutileza
De cada detalhe
De cada curva.
Tá no olhar.
Se encontra no zoom
No zoom de uma pupila dilatada
De uma pele arrepiada
De narinas abertas e
Ouvidos atentos.
A perfeição..
Que perfeição?
Perfeição é muita subjetividade
Talvez seja vaidade
E ela não é concreta.
A perfeição é de carne
É de gente
Tem dente e nariz.
A perfeição é aquilo que vejo
Não o que se é.
Ou seria o contrário?
A perfeição pode sumir
Quando o outro vê.
O que eu vi perfeito
Algum outro vê?
Por que buscamos tanto essa perfeição?
Se ela é tão particular 
Tão singular
E tá nas pequenezas.
Não que seja pequena
Talvez um olhar atento.
Um olhar..
Um olhar também é subjetivo 
Ele é pessoal
Não plural.
Mas eu posso mostrar a minha perfeição 
Para o outro.
Não que aquilo passe a ser perfeito
Para ele também.
Mas talvez ele se aproxime (veja) daquilo
Que é perfeito para mim.
E eu me aproxime (veja) daquilo
Que é perfeito para ele.
Perfeito.
Perfeito!
Chegamos num acordo.
Que não precisa necessariamente ser o
Fim.

Jessika de Sousa Macedo

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Perfeição. Áudio transcrito com o encontro de duas realidades passada pela confusão. Do encantamento ao perceber esse mundo, o seu funcionamento orgânico, da beleza desse funcionamento e das criações que aqui existem. De tudo. Que iniciou, ao menos de forma consciente, com o estudo da ciência, no colégio. E do congelamento ao perceber um padrão que achava precisar entrar para aqui existir. A perfeição, nessa escrita, é disso que se é. Disso que aqui existe. Dessa beleza vista a olhos nu e vista no sentir, no observar do macro ao micro, do micro ao macro. Dessa criatividade inalcançável por essa minha mente de tão grande, simples e complexa. A confusão ao trazer o olhar-experiência pessoal-subjetivo para o coletivo como um regramento. O colocando como o perfeito a ser seguido. Como se precisasse ser perfeito. Como se precisasse seguir algo. E o encontro disso que se é com aquilo que se obriga ser. Desse reconhecimento transformando a obrigação em convite desinteressado para se ver e ver.


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