quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Palavras

Trecho do livro “A bailarina de Auschwitz”

E quando se escuta que não se pode amar?
E quando se escuta que não pode ser mar?
Palavras que chegam e se perdem por entres as águas.
Presentes em cada onda.
Sem a devida atenção,
Deixadas em rastro na visita às areias.
Todos recebendo essa desatenta atenção.
Eu, refletindo o que me afetou.
Ventos vindo mais uma vez do leste
Formando furacão.
Tsunami trazendo do fundo aquilo que não olhei.
Agora boia.
Na minha frente palavras que pensei ter afogado.
Que pensei ser sem valor.
Agora boia na minha frente
A causa de tanta dor.
Na calmaria pós tempestade
Agora olho.
Agora observo
Essas palavras vindas
E que me afetou.

Jessika de Sousa Macedo

---
As coisas acontecem e às vezes a gente nem se dá conta. As experiências são como vários braços de rio desembocando na gente ao mesmo tempo. Um mar recebendo água de todos os lugares e, quem vê de fora fala mar, enxerga a superfície da água.
Às vezes algumas águas chegam com detritos que às vezes afundam ou expomos. E às vezes nem vemos o curso que damos a esses detritos por nem perceber sua presença ali.
Esse automático em nem verificar se ferida formou. Enquanto o sangue jorra, sai manchando tudo por onde passa e em você, apodrece, fede.
A ferida que nem se olhou.
Tô tentando sair do subjetivo e trazer as palavras para o objetivo, mas ainda parece haver dor incessante - identificação.
Só quero dizer que cuide, por menor que se aparenta. Apenas olha, observa, averigua esses detritos que te afetam. Tenta dar encaminhamento consciente para não transbordar aquilo que pensa que passou.
Cuida desses detritos que até você chegou. Às vezes vem de longe. Às vezes é antigo. E cuida também de cada luto seu que por ele passou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário