Essa semana tem me rodeado o
pensamento da coisa simples..
Ô trenzin que por vezes é
complexo de falar, risos. Indo de encontro com o próprio nome e propósito (?!).
Talvez tenha me rodeado por questões pessoais atuais e também coisas externas a
mim. A começar pelo pensamento que me ocorreu, após meu primeiro dia de aula em
uma disciplina isolada de Graduação que estou cursando, na tentativa de me
aproximar do curso e ter o mínimo de decisão na entrada ou não no curso em si.
Sobre estar, agora, tentando “começar” uma possível caminhada dentro daquilo
que me revira, que me anima pegar pra saber. Em tese, olhando para o que o meio
social cobra, em minha idade seria o momento de consolidação de carreira.
Talvez um mestrado ou um doutorado. Graduação? Me fez o questionamento uma
pessoa próxima. Pois é. Nem todo mundo, nesse mundo “novo” tem a realidade de
passar pelas fases da vida como o esperado. E o que seria mesmo esperado?
Esperado? Talvez em tempos atrás fosse mais simples caminhar pelos ciclos.
Aqui entra a coisa simples.
Em tese, uma pessoa, uma
sociedade saudável, assim como a natureza, seguiria seu tempo dentro dos ciclos
naturais. Mas até onde pude pegar, não vivemos em uma sociedade muito lá
saudável. Tem muito percalço no caminho que vai afastando a gente desse
natural, desse simples. E fica cada vez mais difícil encontrar pessoas que
estão seguindo a vida nesse fio. O que nos deixa ainda mais distante.
Essas pessoas que seguem nesse
fio existem e por vezes são incômodas. E diria que exercem uma atividade
hércule de se manter nele e solfejar a lembrança do objetivo, o propósito de
cada coisa.
Isso me lembra de Hannah Arendt,
ou do que entendi do pensamento (fica aí a crítica para os especialistas, que
não é a minha realidade), sobre o caso de um funcionário público que esqueceu
da essência de seu papel e até de sua humanidade, lá naquele período de asfixia
em massa de grupos considerados erráticos. Esse é o fio que falo. Dentro de
cada dever, de cada papel, de cada compromisso que a gente tem aqui. O
propósito de cada um. A objetividade e simplicidade ao desempenhar eles. E a
responsabilidade que eles nos trazem também.
Talvez em sociedades antigas (e
em comunidades tradicionais) isso era (é) muito bem definido e desempenhado.
Talvez tivessem pessoas e sociedade mais saudáveis. E nesse momento atual parece
estarmos imersos a fantasias, a megalomanias. Talvez por essa mudança na forma
de se fazer as coisas. Avanços tecnológicos, aproximações com novas formas de
comunicação (não necessariamente na comunicação em si), mudança na forma dessa
comunicação, conhecimentos antigos sendo testados e comprovados por outras
formas substanciais (trazendo essa ideia de novos conhecimentos), “mudanças” de
visões (e vou parar de pensar por aqui para dar continuidade a ideia). E aqui
não estou dizendo que o antigo ou que essa mudança é algo ruim ou boa. Mas
talvez não estejamos sabendo lidar de forma saudável com essas transições. Como
se estivéssemos cada vez mais perdendo esse fio que nos constitui (não sei se
seria esta a palavra) e estamos nos afogando. Como se estivéssemos avançando de
forma desenfreada, sem um mínimo de estrutura, sem olhar o que está sendo
construído e para nossas ações. Que caminho estamos tomando?
Uma cena para ilustrar toda essa
escrita e que foi a cena que me fez golfar essas palavras que estavam girando
no meu estômago, foi a participação do Pedro Cardoso na CNN. Ao fazer o ato
simples de questionar. Questionar a sua participação no programa, o jornalismo,
a sua qualificação (técnica) em julgar a nomeação de Dilma, enfim. Como um
questionamento simples para a (autor)responsabilidade.
E aqui não julgo quem esteja e
seus motivos de estar longe da simplicidade. Eu estou aqui bebendo bons goles d’águas
em várias áreas. E tentando respirar e enxergar a cada gole. Estou aqui tentando
trazer alguns recortes daquilo que enxergo no momento e tentando pensar sobre
eles e fazendo o convite também para quem queira e esteja disposto a pensar.
Jessika de Sousa Macedo