17/3/2021
O que percebo estando aqui. Que as regras, as culturas, os livros
talvez surjam, existam para que consigamos viver aqui. Talvez para entender que
somos diferentes, que mudamos a todo tempo em algum ou alguns aspectos, que as
coisas são cíclicas. E vejo que as culturas, livros, estudos que seguem de
alguma forma, por exemplo, a ciclicidade do tempo tenha se inspirado e não se
separado da natureza, de tudo que existe aqui. Falo isso observando comunidades, os animais
de poder, a astrologia, os arquétipos de forma geral, a psicologia,
psicanálise, algumas medicinas indígenas (falo algumas por não conhecer todas), a bíblia e tantos outros. Observo
como um banquete para você escolher se quer se alimentar de algum, se quer
degustar, se quer se alimentar de tempos em tempos em um, em outro. Bom, o
prato você quem monta. E vejo também um querer impor dieta para o outro, negar
a fartura, a possibilidade de escolha dentro daquilo que faz sentido. Cada
cultura tem uma especificidade, cada grupo tem um tipo de vivência, cada pessoa
tem uma realidade. É difícil e invasivo ditar de cima para baixo uma regra, a
sua regra para uma pessoa, para um grupo ou grupos. Achei que a ideia de um
banquete fosse de encontro, de passar o prato, uma panela para o outro se
servir quando solicitado, para trocas, conversas, comunhão. Acho que todas as
opções são válidas, desde que não te coloque ou a coloque como regra, como
ditadura, como única realidade. Se você decide ter uma relação com uma cultura
como forma de ditadura, é sua escolha própria e individual. Acho importante
lembrar que a partir dessa decisão, você também não tem o direito de colocar
outro ser para viver com você essa regra. Ela é individual, é subjetiva, é
regra solo. Já temos as regras sociais, que partilhamos com a intenção da boa
convivência no coletivo. Vejo uma tentativa de misturar áreas que funcionam de
forma diferente. O objetivo (como regras sociais, leis) funciona de uma forma e
subjetivo (como escolhas de vida individual, cultura) de outra. E olha só que
interessante, elas não precisam se anular para funcionar. O mundo é grande e
existem e deve existir sociedade que vive de forma aproximada daquilo que você
acredita. Enquanto escrevo, penso que talvez sejam coisas óbvias e daí lembro
que pessoas têm diferentes vivências e que o óbvio não é tão óbvio assim. E ele
se apresenta de diferentes formas o que, talvez, o torne menos óbvio, risos.
Uma
coisa que observo em todas elas. Uma tentativa de harmonia. Nos arquétipos, na
astrologia, na bíblia, nos povos originários, nos povos tradicionais, na psicologia,
na ciência (com a busca por entender os diversos organismos e com a criação). E o que vejo também é o efeito contrário ao eleger uma supremacia. E
o que acho engraçado é que dentro delas já informa que a harmonia vem com o
funcionamento de todos os aspectos que compõem aquela cultura, grupo, religião.
Informa que excluindo, abafando, cancelando um ou mais de um aspecto o
resultado é o adoecimento. Por exemplo, no catolicismo há os 10 mandamentos, na
astrologia os 12 signos, mais XX planetas e XX casas, na psicologia também são
observados aspectos, cada cultura tem seus rituais que são feitos de forma
completa, o próprio corpo humano para ser saudável precisa que todos os órgãos
estejam em funcionamento. Se um aspecto não é levado em consideração, se elejo
apenas uma parte do corpo para cuidar o corpo inteiro adoece. Inclusive aquela
parte que elegi. Acho que uma das perguntas feitas ao longo da história foi a
de como viver em harmonia? Acho interessante olhar para todas as respostas que cada geração, que cada realidade deu e
trabalhar em cima delas.
E, contribuindo um pouco com esse trabalho, venho lembrar que a
exclusão e a supremacia são caminhos extremos. São extremos que vivemos e
estamos vivendo e que trouxe e traz guerra, mortes não naturais e não trouxe harmonia
(alquimia, equilíbrio, meio).
Jessika de Sousa Macedo
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