sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Vivo em constante contato com a morte. 
Não sei se ela me seduz. 
Se ela me testa. 
Sempre sinto sua baforada em meu rosto. 
Poderia dizer que é gélida. 
É quente. 
Quente como sangue fresco. 
E ela me ronda. 
Talvez esperando meu passo. 
E esse é o único flerte que sei o fim. 
Para quê dar o primeiro passo. 
Olho. 
Observo. 
Vejo o que vem de lá. 
Apenas assisto. 
Aproveito a brincadeira do flerte sem iniciativa. 
Como espectadora. 
Prefiro esperar que dê o primeiro passo.
Prefiro acompanhar todas as jogadas. 
Para quê antecipar a jogada? 
Para quê acabar com a brincadeira antes do tempo? 
Não. 
Prefiro esperar todo o jogo acontecer. 
Aproveitar. 
Rir. 
Chorar. 
Gritar. 
Me calar. 
Gemer. 
Respirar até o último fio de ar.

Jessika de Sousa Macedo

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