quinta-feira, 22 de julho de 2021

falível

Música: Vivo (Lenine)

veja, não tenho como garantir algo.
gostaria poder.
não posso.
não há garantias.
não tenho como te oferecer sempre
isso ou aquilo.
nem a mim posso.
achei que podia.
achei que ao menos em mim teria
um lugar totalmente seguro.
me pergunto como?
se constantemente minhas palavras me traem.
se minhas ações fazem o que não gostaria..
como dar e querer garantias?
para quê ficar correndo atrás de uma ilusão?
para quê ficar dando voltas
como um cachorro correndo atrás
do próprio rabo?
 ...
a única coisa que sei
é que dou o meu melhor.
meu melhor no momento.
como confiar então?
como confiar no outro?
em suas palavras?
em mim?
não sei se há como confiar
nesses resultados.
por que continuar acreditando, então?!
...
não é 'nas palavras' que tenho confiança.
não é 'nas ações' que confio.
Percebo a confiança vindo
do constante em fazer
o melhor que se pode.
e então confio.
e então reconheço.
me vejo.
de forma real.

Jessika de Sousa Macedo

Estive pensando sobre isso, de se curar de você. Me levou a questionar o que há em mim de verdade a ser curado? Percebi algumas ações, falas, pensamentos que por vezes escondo, tenho vergonha, nego. Mas se tratam de pensamentos, falas e ações, não de mim. Foi nesse ponto que parei para olhar. 
Quando escutei pela primeira vez esse discurso de se curar de você, algo em mim concordou com o que estava sendo dito e reconheceu que ali poderia existir uma verdade. Talvez por trazer essas ações “tortas”, reconhecer essa dualidade, essa face de duas moedas, o amor e o ódio, a inveja e a generosidade etc. que existem aqui e que não falamos sobre.
Apenas colocamos uma no que é certo e a outra no errado. E olha, não estou aqui na intenção de entrar em moralismo, mas em olhar o que existe. Talvez essas categorizações, essas criações de “x” como aceitável e "y" como aquilo que precisa ser excluído, nos leve a também achar que somos esse binarismo. Que ou estamos no grupo do certo ou do errado, do bom ou do mal, do doente ou do saudável. Como se não existissem nuances, diversidades em mim, em minhas ações. Talvez isso de categorizar me distancia da oportunidade de olhar e reconhecer esse universo por completo. De olhar com sinceridade para essas ações e o que elas causam em mim e no que existe fora de mim. E talvez, desse aprendizado de categorização, venha esse sofrimento, isso de achar que tem algo errado em mim e em querer me curar de mim.

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